Em meu primeiro artigo explicando o conceito básico de branding, abri o texto com uma frase que ouço bastante e é bem simples, porém de grande importância:
“Oi. Eu quero fazer uma logomarca.”
Não há nenhum problema em querer uma, mas a reflexão que proponho neste novo artigo é justamente a intenção de fazer somente ela ou já investir numa identidade completa. Você já se questionou sobre a real necessidade para o seu negócio?
Quero propor um exercício rápido: pense na pessoa que você mais gosta. Lembre-se do rosto, do corte de cabelo, como se veste, como fala, expressões, trejeitos e cheiro.
Você vai perceber que a soma de todas essas qualidades formam a identidade dessa pessoa – e isso a ajuda a transmitir a sua alma.
Com as marcas é a mesma coisa. Tentar captar toda a essência de alguém olhando somente o rosto, seria o mesmo que entender tudo sobre uma marca apenas pelo logotipo. Somados a ele, elementos complementares ajudam na construção de uma imagem mais concreta. E, em um estágio mais avançado de relacionamento, você passa a captar sensações mais profundas, como as transmitidas pela onda da Coca-Cola, a cor da Tiffany & Co, o som da Intel ou o aroma inconfundível do McDonalds.
E para que serve a identidade?
Ela tem a principal função de construir recursos para a marca expressar todas as suas características nos diferentes pontos de contato com o cliente (interno e externo), tornando-a consistente em seu discurso e marcando seu posicionamento, diferenciando-a também da concorrência.
Em geral, podemos utilizar os 5 sentidos humanos, divididos 3 categorias:
- Visuais: logotipo, cores, tipografia, fotografia, elementos gráficos, vestuário, ambientação, animação.
- Verbais: nome, tom de voz, palavras-chave, estilo de redação.
- Sensoriais: Sons, sabores, cheiros, luzes, gestos.
Construir um sistema de identidade utilizando esses diversos recursos torna a marca mais interessante na sua comunicação, sem precisar repetir o logo em todos os pontos de contato (o que deixa qualquer marca entediantemente previsível).
Então, como escolher entre só um logo ou a construção de um sistema?
Lembre-se que cada empresa tem as suas próprias necessidades. Não é porque todo mundo está fazendo que vai dar certo para você.
Para tomar essa decisão, é importante observar a marca em sua totalidade ou solicitar a análise de um consultor de branding.
A complexidade da identidade varia de acordo com a complexidade da marca.
Vou colocar 2 exemplos extremos:
- Para uma empresa muito pequena ou MEI, um logo simples provavelmente resolverá, pois a pessoa é de fato quem carrega todas as características e conseguirá expressar do seu jeito sua própria essência.
- Na outra ponta, pode ser que a empresa seja enorme, um verdadeiro ecossistema, sendo necessária a construção de um sistema de identidade completo, englobando características visuais, verbais e sensoriais que, juntas, garantem a consistência da marca e transmitem com clareza essência, personalidade, cultura e posicionamento.
Sendo simples ou complexa, ao analisar a necessidade do investimento para a sua empresa, o que não pode faltar é planejamento e verdade. De nada adianta uma identidade visual linda, cheia de sons e aromas e com tom de voz e discursos impactantes se isso não comunicar a marca como ela realmente é e não se sustentar a longo prazo.
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Seja para sua empresa ou seus clientes, o que você considera mais importante: um logotipo ou um sistema de identidade? Me conta aqui embaixo nos comentários.
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Flávio Torres é consultor de branding, designer multidisciplinar, ilustrador, músico, corredor de rua e curioso. Diretor da Gramo Branding, desde 2005 atua no mercado de comunicação em projetos para marcas nacionais e internacionais.
Revisão: Fábio Loverra