Por Isabela Ventura
Com
a chegada do mês da mulher e todas as discussões que anualmente essa
data provoca, decidi fazer uma reflexão sobre o papel da mulher no mundo
corporativo e da dita evolução nesse cenário no mercado brasileiro.
Antes de continuar esse artigo, peço que faça o já famoso “Teste do
Pescoço” e tire sua própria conclusão. Olhe ao redor e questione-se
quantas mulheres em cargo de liderança existem na sua empresa. É certo
que a pauta de inclusão nas grandes marcas e a busca para reduzir as
diferenças de gênero estão cada vez maiores, porém, ainda temos muito
para conquistar.
Embora
as melhorias sejam inegáveis, dados comprovam que o mercado de trabalho
ainda é um campo hostil para muitas de nós. Pessoalmente, acredito em
uma revolução com significado. No poder da mulher de acelerar a
transição de mundo para uma era mais humana, e também na transformação
do cenário econômico, a partir da economia do feminino. Isso significa
trazer para a empresa mais fornecedoras, colaboradoras e profissionais,
dentro da lógica da inclusão. E o resultado é um novo contexto, com
olhares cada vez mais plurais e serviços mais diversos.
De
acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em
2018, mulheres ganham em média 26% a menos que os homens. Quanto mais
alto o nível hierárquico, menor é a presença feminina, e por
consequência, maior a desigualdade de salário entre elas e eles. Assim,
trabalhar na redução das diferenças de oportunidades econômicas e
sociais entre os gêneros, principalmente na liberdade financeira da
mulher, conquistada a partir da articulação e potencialização das
iniciativas femininas, é transformador e pode alterar o mundo que
conhecemos até hoje.
Não
ter diferença de salário entre homens e mulheres do mesmo cargo e
estruturar uma cultura de objetivos claros e plurais, pode (e deve) ser
empregado em qualquer modelo de negócio. Muitas empresas pensam que
essas atitudes são difíceis de serem aplicadas financeiramente, mas não é
uma verdade. As marcas precisam repensar a diversidade de uma forma
mais profunda e trazer para as suas empresas, essa nova realidade. É
necessário que as lideranças dentro das organizações parem para pensar e
incorporem de forma, cada vez mais natural, que as diferenças entre os
gêneros trazem vantagens e mais lucratividade.
De
acordo com o relatório Women in Business and Management: The Business
Case for Change divulgado pela ONU, empresas com mais mulheres,
principalmente em cargos de liderança, conseguem obter melhores
resultados. Quando o estudo analisou a rentabilidade das empresas que
apostam em igualdade de gênero, houve crescimento de 10% a 15% na
receita.
A
liderança com olhar feminino traz consigo a lógica da abundância, da
colaboração, da generosidade e, principalmente da sustentabilidade. E
como disse Jennifer Armbrust, diretora da Sister, onde ela dirige a
Feminist Business School: “Um negócio feminista pode modelar novas
maneiras de viver, trabalhar e estar juntos”. Por isso, busque entender
onde estão as mulheres da sua empresa: isso retrata um futuro positivo
para o seu negócio, assim como para a sociedade. Vamos em frente.
*Isabela
Ventura é CEO da Squid, empresa especializada em marketing de
influência. Isabela é mestre em engenharia econômica e empresarial pela
Universidade de Grenoble, na França e alumni do programa de executivos
da Harvard Business School. Por 3 anos recebeu o prêmio Profissional do
Mercado Digital do Digitalks, sendo a profissional que mais se destacou
no cenário digital na categoria marketing de afiliados.