A APRO – Associação Brasileira de Obras Audiovisuais – e a FilmBrazil, plataforma de internacionalização do audiovisual brasileiro, lançaram ontem, quinta-feira, 6 de fevereiro, em parceria com a ApexBrasil – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – o programa de mentoria – Visionárias. Com o objetivo de fomentar o desenvolvimento das lideranças femininas do audiovisual, o encontro contou com a participação da Psicóloga, Pesquisadora e Consultora de Longevidade, Candice Pomi.
Dados do último relatório da Ancine, 2021, reforçam a necessidade de avanços na pauta de equidade de gêneros no mercado audiovisual. De acordo com o estudo, os números são impactantes em todas as áreas da indústria, incluindo as técnicas. Além de ter menor empregabilidade (59,7% homens para 40,3% mulheres), as profissionais do sexo feminino têm uma remuneração significativamente menor, independente do grau de formação. Para comparação, consideramos pessoas com nível superior completo, cujos salários das mulheres são 20% menores do que os homens.
Os avanços na pauta de equidade de gênero continuam sendo uma prioridade da APRO e da FilmBrazil. Em 2017 com a vinda da plataforma FreeTheWork para o país, foi iniciado um trabalho de estímulo para participação de diretoras à frente da Direção dos Filmes. Apesar dos avanços, o último relatório da plataforma (2023) mostrou que mais de 50% dos filmes dirigidos por elas ainda estavam associados a moda, beleza e estilo de vida. Com isso, os projetos eram predominantemente os com menor orçamento (45% dos projetos faturados eram de até R$ 1 milhão).
O relatório da Ancine de 2021 abriu números impactantes em todas as áreas. Por exemplo, a produção técnica é composta majoritariamente por homens, e eles são a força de trabalho em 91,2% das obras veiculadas na TV paga. Chegamos a zerar em fotografia, ou seja, nenhuma mulher exerceu essa função em nenhum conteúdo desenvolvido para crianças e adolescentes. Para contrapor essa frente, em 2022, a APRO celebrou o convênio de cooperação técnica com a ONU Mulheres, no Programa “Aliança Sem Estereótipos” com foco no incentivo à mão de obra técnica feminina da área.
“É preocupante ver que as mulheres não chegam a inscrever seus projetos para concorrer com investimentos subsidiados. Dentre os inscritos, roteiros e direção de homens eram a maioria esmagadora, com 63,1% e 66,9%, comenta Marianna sobre dados da Ancine.
Com a estratégia de complementar as ações já realizadas pela APRO e a FilmBrazil lançamos esse programa de mentoria, cujo público-alvo é a alta liderança, mulheres que fazem o negócio acontecer à frente de suas produtoras. “Em parceria com a ApexBrasil, estamos dando mais um passo importante na pauta de equidade de gênero. É fundamental instrumentalizar, incentivar e valorizar o protagonismo feminino das nossas associadas”, comenta Marianna Souza, presidente da APRO e criadora do projeto Visionárias.
Longevidade foi o tema escolhido para o primeiro encontro, com a presença de 27 produtoras (lideradas por mulheres). “Foi um grande prazer contribuir para a amplificação desta rede de mulheres tão potentes. Estreitar laços e intensificar as conexões só trará ganhos ao audiovisual brasileiro”, declarou Candice Pomi, que também é responsável pelo podcast Tantos Tempos e uma estudiosa sobre como tornar a maturidade uma jornada desejável, potente e cheia de significado.
Sobre as próximas edições de Visionárias, a presidente da associação adianta que os temas estarão sempre alinhados às necessidades do grupo e que contarão com o apoio de especialistas convidados. “A primeira edição foi um sucesso. A adesão foi maior do que a esperada. Existe a necessidade ao fomento feminino em todas as áreas do audiovisual. Estamos pouco a pouco trabalhando para atender a todas as demandas”, conclui a presidente da APRO.