Em 2020 o consumo global da cesta de bens de consumo massivo (FMCG) apresentou um crescimento quatro vezes maior do que em 2019, chegando a 10%, o equivalente a US$220 bilhões. Esse aumento foi impulsionado pelo consumo dentro do lar, num momento de isolamento social na pandemia de COVID-19, e a América Latina foi a região que mais sentiu o impacto.
Novo relatório global Omnichannel da Kantar, líder em dados, insights e consultoria, que acaba de ser lançado, revela que o mundo já está voltando às tendências de comportamento de compra de bens de consumo massivo do período pré-pandemia, registrando ritmo mais lento no desempenho das vendas de alimentos para consumo domiciliar, com crescimento de apenas 0,8% até setembro de 2021.
Apesar dessa desaceleração, as vendas permaneceram 8,4% maiores do que antes da COVID-19 e os canais de compra que performaram positivamente de janeiro a setembro do ano passado, em comparação ao mesmo período de 2019 foram comércio eletrônico e atacarejo.
Ao contrário dos países europeus, Brasil e México tiveram crescimento positivo em valor no consumo dentro lar, com variações de 9% e 10% respectivamente do 1o ao 3º trimestre de 2021 em comparação ao ano anterior, o que pode ser explicado pela inflação dos preços dos alimentos e bebidas. Espanha e Reino Unido, por exemplo, tiveram desempenhos negativos de 7% e 5% no mesmo prazo.
As cestas mais beneficiadas globalmente dentro de casa ano passado foram as de bebidas, lácteos e higiene e beleza, em decorrência do retorno à vida social com o avanço da vacinação no mundo. Alimentos tiveram declínio no In Home, porém, apresentaram incremento fora do lar.
Com relação ao desempenho de canais de venda, o comércio eletrônico ainda cresceu ano passado, mesmo com a volta das pessoas às ruas, mas em ritmo mais lento, representando 13,4% das vendas globalmente entre janeiro e setembro de 2021, enquanto os hipermercados e supermercados perderam participação em cerca 1% em comparação com 2020.
Em todos os países as vendas de bens de consumo massivo via e-commerce desaceleraram no último ano com o avanço da imunização, exceto na China, que, surpreendentemente, viu um salto de 22,5% de share de mercado no 1° trimestre de 2021 para 28,6% no 3° trimestre. Em termos de penetração do comércio online, o destaque foi o Brasil, que passou de 4% em 2019 para 13% em 2021, devido à conquista de clientes fiéis a esse canal, atingindo a marca de 13% de compradores online dizendo ter usado o e-commerce para adquirir alimentos e bebidas ao menos 6 vezes durante 2021 e 19% deles afirmando ter comprado por esse canal de 3 a 5 vezes no mesmo ano, contra 12% em 2019.
Com base nos dados coletados até o 3o trimestre de 2021, num momento em que taxas de contágio estavam baixas, a Kantar previa um crescimento de 6,5% em valor no consumo dentro do lar em 2022 no Brasil, atrás apenas da Indonésia (7,6%). Países europeus e China manteriam estabilidade, com menos 1%. A confirmação do desempenho do setor, no entanto, vai depender da evolução das taxas de transmissão de COVID-19 ao longo do ano.
O estudo mostra que o comportamento de consumo voltou ao normal mais rápido do que o esperado, com o consumo fora de casa mostrando sinais de recuperação, o canal e-commerce já experimentando uma desaceleração na maioria dos países pesquisados, e o mercado de bens de consumo massivo se mantendo estável em 2022 num cenário de taxas de contágio controladas . Isso significa que as empresas devem começar a repensar suas estratégias de vendas para este ano e devem ter a capacidade de redirecioná-las rapidamente de acordo com a evolução da pandemia.
O relatório Omnichannel da Kantar contemplou sete países: Reino Unido, França, Espanha, China, Indonésia, Brasil e México, representando 29% da população mundial e trazendo dados sobre consumo atualizados até setembro de 2021.