Cerca de 200 representantes e lideranças do mercado publicitário participaram do evento “Sinapro 80+: a nossa história anuncia o futuro”, promovido pelo Sinapro-SP (Sindicato das Agências de Propaganda do Estado de São Paulo) nesta quarta-feira (30/10), em São Paulo, em comemoração aos 80 anos de atividade da entidade. Na pauta do encontro, temas ligados a pessoas, liderança, diversidade, marketing de influência e o futuro do mercado publicitário.
Na abertura do encontro, o presidente do Sinapro-SP, Roberto Tourinho, ressaltou o papel dos ex-presidentes da entidade, que ajudaram a construir uma história bem-sucedida, pautada na defesa e no desenvolvimento das agências de propaganda e do mercado publicitário.
Com foco na construção dos 80+, o evento destacou temas relevantes hoje para o setor e a sociedade e que precisam avançar. Entre eles, a necessidade de autorregulamentação do marketing de influência, uma atividade que não para de crescer e já é parte do dia a dia das empresas, marcas e sociedade. O tema foi discutido em mesa redonda mediada por Tourinho e com a participação de Luiz Lara, presidente do Cenp; Sérgio Pompilio, presidente do Conar; Ana Paula Passarelli, diretora de operações da Agência Brunch e líder do GT de Influencer do Cenp, e Fabiana Bruno, CEO da Suba e do Conselho da Abap.
Luiz Lara, Ana Paula Passarelli, Fabiano Bruno, Roberto Tourinho e Sergio Pompilio |
O presidente do Conar destacou a mobilização em andamento com o objetivo de autorregulamentar a atividade dos influenciadores. “Estamos buscando nos conectar com as entidades do setor para organizar esse ecossistema e ajudar a educar o mercado”, enfatizou Sergio Pompilio, ao observar que o mercado evoluiu desde que a entidade lançou o seu Guia de Influenciadores digitais, em 2020, e agora é preciso dar um passo adiante.
“Temos de combater as más práticas de alguns influenciadores, que comprometem o trabalho dos demais”, apontou Luiz Lara, ao informar que, a pedido do Conar, o Cenp vai certificar agências especializadas em marketing de influência. Segundo ele, a precificação e a definição de métricas são pontos importantes que irão ajudar a combater os desvios.
Como observou Ana Paula Passarelli, no Brasil, 22 milhões de pessoas já são influenciadores, e este segmento ganhou uma relevância social e econômica grande. “Muita gente está fazendo marketing de influência como meio de sobrevivência, e é preciso incentivar as boas práticas nessa área”, observou. Segundo Fabiana Bruno, da agência Suba e que representou a Abap no evento, ‘o caminho é construir um mercado com regras, e as agências devem ser o elo de confiança para gerar algo de credibilidade, que tenha ética e lógica na precificação”.
As pessoas no centro da atenção
Diversas apresentações realizadas no evento dos 80 anos do Sinapro-SP abordaram, sob ângulos diferentes, a importância das pessoas. “O que constrói uma agência são seus talentos, pessoas que produzem ideais e campanhas memoráveis para engajar e encantar e informar o consumidor”, destacou o presidente do Sinapro-SP.
O tema foi tratado sob a ótica da necessidade de se ter lideranças humanizadas, em apresentação do coach e CEO e fundador da Master Soul, Paulo Alvarenga, conhecido como PA, e também da importância de se olhar os times sob a ótica das três dimensões do ser humano, conforme destacou a ex-publicitária Nina Campos, em sua palestra.
Segundo PA, o desafio é conectar as pessoas para ter uma boa performance em um cenário desafiador, marcado pela hiperconectividade, jornadas exaustivas, pressão excessiva, no momento em que há um apagão de lideranças, pois os jovens não querem liderar. “O desafio é desenvolver novos líderes. E para isso é importante olhar para o desenvolvimento humano e também refletir sobre o papel das lideranças”, afirmou o coach, ao destacar que atualmente há uma falta de conexão entre as pessoas no trabalho.
Paulo Alvarenga |
E como lidar com as insatisfações e inseguranças que marcam o estágio atual de muitos profissionais? Para Nina Campos – a primeira planejadora estratégica a ganhar o prêmio Young Creatives e a mais jovem mulher a ser diretora geral da Lowe, aos 32 anos -, o caminho é ter relações simplificadas, nas quais a autoestima seja valorizada, para superar medos e estimular uma atitude de protagonismo em relação à própria vida e carreira. Parte disto inclui brincar, criar memes, fazer novas conexões, se conectar com a natureza e mudar os hábitos.
Nina Campos |
Quando se fala de pessoas, é fundamental falar de diversidade, embora, segundo destacou Patricia Alexandre, houve um recuo nesta área entre as agências de publicidade depois de 2020, quando o tema ganhou destaque durante a pandemia. Isso é visível nos dados do Censo da Diversidade na Propaganda, realizado pela ODP em parceria com a Gestão Kairos e com o apoio do Sinapro-SP. Segundo Ariel Nobre, cofundador e diretor executivo do ODP, observou, o censo mostrou uma redução no número de mulheres negras que trabalham nas agências, um número reduzido de contratações de pessoas com deficiência – apenas 1% do quadro – e um pequeno aumento na absorção de profissionais com mais de 50 anos.
Filipe Simi, CEO e CCO da Soko/DROGA5, destacou que “o setor tende a tratar tudo como tendência, e não como urgência, mas a diversidade tem que ser parte da estratégia de negócios, como fez a Soko, com resultados muito positivos, porque “não se trata só de diferença de gênero ou de raça, por exemplo, mas de interesse criativo, de se ter referências diferentes”. Fabiano D’Agostinho, COO da ConexCi, lembrou que, segundo pesquisa da Accenture, as empresas que têm uma cultura inclusiva tem 26% mais resultados. Neste cenário, Patricia destacou o fato de a diversidade ser hoje uma pauta prioritária do Sinapro-SP.
Ariel Nobre, Filipe Simi, Patrícia Alexandre, Fabiano D’Agostinho e Roberto Tourinho |
Um exemplo de profissional que não se deixou vencer por preconceitos e tampouco pelas dificuldades, e sempre manteve sua autoestima em alta, mesmo após perder por diversas vezes tudo que havia conquistado, o empreendedor Geraldo Rufino fechou o encontro do Sinapro-SP dando valiosas recomendações sobre agir para criar oportunidades e superar os desafios que agências e profissionais enfrentam hoje. “É preciso mudar a mentalidade, não achar que já sabe de tudo. Só assim será possível inovar, inclusive inovar tanto no negócio quanto no próprio ser de cada um. Oportunidade não se busca, mas se cria”, afirmou Rufino.
O evento contou com o patrocínio da Record TV, Range, WeSuperOHH, Mastersoul, Extreme Reach, Biggie Digital, NP Digital Brasil, Adobe, Agência Vergê, House Criativa e Propeg.