Nos últimos anos, o artista multidisciplinar sorocabano Robson Catalunha vem se dedicando a criação de experiências imersivas em espaços não convencionais que mesclam arte e tecnologia. “Anamnesis”, novo trabalho fruto dessa investigação, iniciará uma temporada em diversos espaços em Sorocaba, com sessões gratuitas.
“Anamnesis” dá continuidade a uma pesquisa iniciada por Catalunha em “O Híbrido”, trabalho criado a partir de referências como “A Metamorfose”, de Kafka, bem como teorias do comportamento e mutações genéticas, que resultou em uma performance sobre um homem-planta, que estreoy em Nova Iorque, no The Watermill Center – laboratório de criação do diretor norte-americano Bob Wilson – em 2018. O projeto também foi apresentado na África, em Mindelo e, na Europa, em Zagreb e Budapeste.
Em 2021, de volta a Sorocaba, o artista adaptou a performance para um filme em realidade virtual, visto em mais de 20 países, com destaque para participações nos festivais de Cannes (França), Torino (Itália), Santiago (Chile). O curta também foi indicado ao Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte), pelo caráter tecnológico inovador.
Recentemente, em Sorocaba, além de “O Híbrido”, Catalunha também idealizou e dirigiu o projeto “Entre” (2021), uma obra em realidade virtual, apresentada no Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba. As pesquisas de Robson também resultaram na criação do Festival de Artes Híbridas, projeto inspirado em experiências em Nova Iorque, que reuniu trabalhos de artistas de diversas áreas, no Parque da Biquinha. Em comum, ambos os projetos consistem em experiências imersivas que unem linguagens artísticas.
Em “Anamnesis”, dando continuidade às pesquisas, Catalunha partiu da seguinte questão: o que é e o que pode ser um corpo? A inspiração, segundo o artista, veio de uma notícia sobre um experimento científico em que genes humanos e genes de porcos foram utilizados para a criação de um embrião, que se desenvolveu por cerca de três semanas e levou a criação da personagem principal: um homem-porco.
Em grego, “Aná” significa “trazer de novo”, e “Mnesis”, memória. Se, para os gregos, a memória era um dom sobrenatural, no campo da medicina, a anamnese está relacionada ao fato de relembrar fatos e sintomas que causam alguma alteração no corpo. Em alusão aos termos, no roteiro do filme, a personagem principal, se encontra com outros seres (humanos, híbridos e fantásticos), em uma narrativa não linear, composta por memórias, questionamentos e personagens que remetem ao âmbito da filosofia, da mitologia, da indústria farmacêutica, das religiões de matrizes africanas e das intervenções cirúrgicas. A produção conta com artistas de Sorocaba, como a produtora Sttefania Mendes, o cineasta Bruno Lottelli, o diretor de arte Felipe Cruz e, no elenco, nomes como Hamilton Sbrana, Andreia Nhur, Daia Moura, Gui Miralha, além de participações especiais dos artistas indígenas Gilmara Gonçalves, Reginaldo Trema e Darli Soares. O curta também conta com participação de artistas convidados, como os franceses Tez e Chloé Bellemère; da atriz lituana Inga Galinyte; e a ilustre participação de Bob Wilson.
Dando continuidade à pesquisa que mescla linguagens artísticas por meio de espaços não convencionais, o filme será apresentado em uma experiência que envolverá uma instalação, em formato de jaula, onde o artista irá performar um homem-porco. E, na sequência, o público irá assistir ao filme, com óculos de realidade virtual.
A escolha pela realidade virtual visa oferecer ao público a possibilidade de escolher, dentro dos 360 graus, aquilo que ele quer observar, permitindo com que cada pessoa crie uma narrativa diferente, a partir das suas próprias percepções e daquilo que escolhe observar.
Para saber mais sobre o “Anamnesis” e sessões abertas ao público, acompanhem as redes sociais do projeto: @anamnesis_vr.