Por Matheus Moretti Rangel, CGO da Niky
Uma das siglas mais famosas da atualidade, o ESG, teve interesse de busca triplicado no Brasil no último ano. O termo foi cunhado em 2004 pela Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de engajar companhias na adoção de princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção, em parceria com o Banco Mundial. Indústrias e empresas dos segmentos de finanças, tecnologia e demais setores de atuação já estão dando os primeiros passos nesse sentido. Algumas organizações, inclusive, já estão com projetos evoluídos.
Mas por que é importante que pequenas e médias empresas comecem a investir nesse conceito? Hoje, companhias de todo o mundo já deixaram claro que não avaliam mais apenas a performance financeira de seus parceiros, mas também suas realizações nos campos sociais e ambientais, com uma governança ética e transparente.
Uma pesquisa da Bloomberg estima que a agenda ESG deve atrair US$ 53 trilhões em investimentos em 2025. Ou seja, além de se consagrar uma tendência, a adequação ao modelo passa a ser cada vez mais um prerrequisito de competitividade. Nesse cenário, negociar já é algo que vai além dos múltiplos fundamentalistas, dos lucros e das receitas, das dívidas e dos passivos. Os investidores estão colocando mais fatores na balança ao fazer escolhas.
Essa escalada foi ainda mais estimulada na pandemia do coronavírus, fazendo as empresas acelerarem a pauta ESG. Especialistas do mercado apontam que as companhias que investem nesse sentido apresentam mais resiliência durante momentos de crise. Empresas com boas práticas ainda correm menos riscos de enfrentarem problemas jurídicos, trabalhistas, fraudes e sofrer ações por desastres ambientais.
Brasil
De acordo com um estudo da consultoria Walk The Talk by La Maison, 94% dos brasileiros esperam que as empresas façam algo sobre ESG e acreditam que as organizações têm obrigações de solucionar problemas nesse setor. Porém, quando questionados, apenas 17% acreditam que as corporações efetivamente o fazem.
Questões ambientais ocupam grande parte da expectativa dos brasileiros, que esperam que as companhias cuidem da natureza, seja modificando produtos e serviços para se tornarem melhores do ponto de vista ambiental, seja não realizando testes em animais ou produzindo embalagens melhores para o meio ambiente.
Em 2021, a Natura foi a empresa mais associada ao ESG, com 536 pontos, num índice com pontuação máxima de mil. A Unilever aparece logo depois, com 389, seguida pela Ypê (386), pelo Boticário (376), pela Petrobrás (372), pela Nestlé (354), pelo Banco do Brasil (335), pela P&G (332) e pela Coca-Cola (315).
Existem diversos índices e modelos para avaliar as boas práticas ESG, mas o cuidado com o planeta nas diversas esferas já faz parte do imaginário coletivo – é uma tendência sem volta.
Investidores e consumidores não estão mais dispostos a lidar com agendas fora desse contexto e, apesar de essa ainda não ser uma realidade consolidada para pequenos e médios empresários, entrar na onda agora pode fazer toda a diferença para sair na frente nos próximos anos.
*Matheus Moretti Rangel é CGO da Niky – niky@nbpress.com.br