Por Larissa Ferrari
É preciso olhar com consciência para a produção de conteúdo desenfreada e sem propósito, no ambiente digital. A discussão já foi posta à mesa: os usuários estão sendo bombardeados com milhares de informações e é humanamente impossível absorver tudo sem comprometer a saúde mental. Por isso, há uma tendência a escolher bem, cada vez mais, o que e quando se consome. E mesmo para quem produz o conteúdo: o modelo de produção sem descanso e ócio criativo vem sendo colocado à prova. Por essa razão, é tempo de reavaliar como sua marca (pessoal ou da empresa) cria repertório, se empodera e conversa com o público.
Produzir conteúdo significa comunicar processos criativos, boas ideias, produtos e serviços úteis e desejáveis, resultados que inspiram, expressões de arte, histórias e conhecimento para criar conexões. Mas, acima de tudo, é saber explorar, em diversos formatos, o que você tem de melhor a oferecer: sua expertise, sua experiência, seus sonhos, seu trabalho valioso. E não se faz isso de qualquer jeito, porque seu branding está diretamente relacionado ao conteúdo que produz. É preciso estratégia, objetivos claros e tempo usado em sinergia com um ritmo adequado para a sua vida e seu negócio.
Assim, tudo se torna mais leve, gostoso e produtivo. Você realmente consegue imprimir identidade e fazer a ponte com as tribos que curtem o que você cria e vende, ou seja, pessoas que vão valorizar sua presença digital, porque estarão conectadas à sua marca, que é muito maior do que o seu perfil numa rede social. As mídias e os canais digitais vão estampar o que traduz sua imagem, suas intenções e sua força. Eles não criam sua marca, mas falam sobre ela, ampliam seu alcance e sua voz, por isso mesmo você não deve se comunicar somente pela quantidade.
Não torne seu conteúdo medíocre e desconexo com quem você é ou quer se tornar, pelo simples fato de atender um volume exacerbado de publicações e chegar ilusoriamente “a todo mundo”. Pense sempre: o que eu quero dizer nesse espaço? Como eu quero que as pessoas me vejam aqui? O que acho bacana que elas percebam quando encontrarem comigo? Qual é o meu perfil e até que ponto ele é flexível? Quem me interessa? O que eu não quero para mim ou para minha empresa? São perguntas fundamentais para a produção de conteúdo qualitativa.
Então, seja fazendo uso do slow content para jornadas longas e/ou do fast content para atrações mais instantâneas, o que vale é se o conteúdo tem planejamento e se está atento a oportunidades congruentes com sua marca, de uma maneira suficientemente estratégica, inclusive na frequência, para que você não enlouqueça, nem inverta prioridades ou fique apenas “escravo” das plataformas, sem utilizá-las aproveitando ao máximo o que podem dar.
É preciso ter metas, é preciso engajar, converter, acompanhar e trabalhar por indicadores, sim. E é muitíssimo importante que você esteja na internet, claro, porque todo negócio é, ou será digital, ainda que nascido ou presente no off. Mas com inteligência e consciência de processos. Não em detrimento da sua saúde mental e da integridade da sua marca.
Na grande maioria das vezes, observando essas dores mais comuns de quem sofre com a produção de conteúdo, percebemos que só falta mesmo compor com pessoas que possam construir tudo isso em conjunto. Que ajudem a percorrer as etapas, extrair o melhor de cada passo e tornar mais ágeis os fluxos, mas com visão e técnica.
As agências ou hubs digitais que têm em seu escopo de serviços a produção de conteúdo voltada ao branding, sem dúvida precisam se tornar cada vez mais preparadas para contribuir de verdade na exposição responsável das marcas no ambiente e fora dele, na multiplicação dos conteúdos em ações digitais inovadoras, inclusivas e integradas à vida real. E os clientes precisam valorizar cada vez mais esse trabalho, quando optarem por seguir com profissionalismo, aliviando suas dores e alimentando suas conquistas. É uma parceria que não pode ser rasa, porque representa um movimento de co-criação que, quando compartilhado, toma uma forma muito mais dinâmica, eficiente e saudável.
Larissa Ferrari é CDO e Head de Estratégia Digital da Octopus