A Fundação Procon-SP multou a empresa de alimentos
Vigor em mais de R﹩ 1 milhão por publicidade infantil do produto Vigor Grego Kids
, iogurte lançado em
2014 com foco no público infantil. Em sua decisão,
o órgão entendeu que a estratégia publicitária desenvolvida pela marca
exerceu pressão sobre as crianças para persuadi-las ao consumo
indiscriminado do produto, devido ao uso de expressões assertivas e imperativas nas peças publicitárias e à relação criada entre desenho animado, game e cards
colecionáveis com a imagem do produto. O programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, que denunciou o caso ao órgão, em 2015,
comemora a decisão.
Em 2014, para alavancar as vendas do produto, a empresa veiculou um filme publicitário dirigido ao público infantil que iniciava com a seguinte chamada: “atenção
pessoas nascidas a partir de 2003, a vigor tem uma notícia extraordinária”. O anúncio também continha depoimentos de crianças que, após experimentar o produto, declararam
frases como “Dá vontade de comer os quatro” ou “Eu achei esplêndido”.
Outr a
estratégia comercial adotada pela empresa , foi a parceria firmada com a Walt Disney Studios para patrocinar a exibição da série Star Wars Rebels. A
ação consistiu no desenvolvimento de jogo de
realidade aumentada, para tablets e celulares, cuja chave de acesso era a
própria embalagem do produto – que, por sua vez, continha cards
colecionáveis. Essa campanha contou com uma estratégia transmídia, tendo sido divulgada em todos os meios de comunicação do grupo Disney – rádio, veículos impressos
(almanaques e gibis) e canais infantis na TV paga.
“Comemoramos a decisão dada pelo Procon-SP, que
reconhece a ilegalidade da publicidade infantil em um momento
de forte debate sobre a prática, ocasionado pela proposta de criação de
portaria sobre o tema por parte da
Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). Enquanto o texto dessa nova
proposta ignora a legislação existente, desconsidera pesquisas e,
ainda, ameaça enfraquecer as regras
atuais vigentes, é de fundamental importância a atuação dos órgãos do sistema nacional de defesa do consumidor na proteção da
infância, para coibir que crianças continuem sendo exploradas comercialmente”, ressalta Livia Cattaruzzi, advogada do programa Criança e Consumo.